Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/71

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me castiguem e expulsem da vossa presença; o que não pôde seu número e insolência, poderá uma só palavra vossa.

Com um gesto enérgico de negativa, respondeu Inesita. Estácio compreendendo-a, ergueu-se:

— Mas espero que em vossa bondade já me foi a culpa perdoada, como em meu respeito grande deve estar segura e confiada vossa modéstia e virtude. Diante de vossa mãe, e de tantas testemunhas que me ouvem, falar-vos-ei como se estivesse só em vossa presença; porque não tereis que enrubescer deles, senão de vossa inocência e pudor. Mas se esse véu de vossa virtude pode mais que tudo em mim, bem vedes que não ousarei dizer-vos o que desejo, sem ordem vossa. Mandai, pois, se devo falar, se tornar-me como vim, pago embora de vossa vista, mas desamparado da derradeira esperança, que só me podeis dar.

Inesita escutava lívida; todo o sangue refluíra ao coração, que palpitava aos saltos. A vertigem apoderou-se dela; as pessoas e os objetos, que ali estavam em torno, desapareceram de seus olhos: dentro daquele fluido que a envolveu, só aparecia a figura nobre de Estácio.