Página:As asas de um anjo.djvu/215

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moça, de cuja desgraça o senhor foi a primeira causa, só pode ter uma felicidade neste mundo: a maternidade; enquanto que o senhor daqui a alguns dias amará uma mulher, terá uma família, e gozará das afeições puras que Carolina perdeu para sempre.

RIBEIRO – Ela fará o mesmo. Não vai casar-se?

LUÍS – O senhor não me compreendeu. Dou à Carolina o meu nome; não exijo dela um amor impossível.

RIBEIRO – Sou pai, senhor!

LUÍS – E ela é mãe. Entre os dois quem terá mais direito a esta menina? O senhor, para quem ela representa uma afeição que pode ser substituída; ou Carolina, para quem ela é a existência inteira?

RIBEIRO – Não exija uma cousa contra a natureza.

LUÍS – Exijo uma reparação que um homem honesto não pode recusar.

RIBEIRO – Essa reparação ofereci-a outrora.

LUÍS – Isto não o desobriga; todas as faltas que ela cometeu eram consequências necessárias da primeira.

(Carolina entra precipitadamente e abraça a menina; Margarida coloca um berço no fundo e sai.)