Página:As asas de um anjo.djvu/92

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ARAÚJO – O que vier mais depressa.

MENESES – E a mim, quanto tempo queres fazer esperar?

JOSÉ – O que deseja, Sr. Meneses?

MENESES – Desejo o que tu não tens; dize-me antes o que há.

JOSÉ – Quer uma costeleta de carneiro?

MENESES – Vá feito.

ARAÚJO (a Luís.) – Sabes do que me estou lembrando? Daquelas noites em que ceávamos juntos na Águia de Prata há dois anos, quando tu me falavas do teu amor. Naquele tempo não tínhamos dinheiro, nem frequentávamos os hotéis. Eras compositor e eu caixeiro de armarinho na rua do Hospício.

LUÍS – E hoje somos mais felizes? Adquirimos uma posição bonita, que muitos invejam, mas perdemos tantas esperanças que naquele tempo nos sorriam!

ARAÚJO – Já vais cair no sentimentalismo. A esta hora é perigoso.

LUÍS (rindo com esforço.) – Dizes bem! Há certas ocasiões em que é preciso rir para não chorar. (A José que serve Meneses.) Uma garrafa de cerveja.

JOSÉ – Preta ou branca?

ARAÚJO – Amarela!