Página:As biografias históricas de Santos Dumont.pdf/10

Wikisource, a biblioteca livre

Valdir Ramalho

L'Aéronautique, La Revue de l'Aviation, La Revue de L'Aéronautique, L'Aéro-Revue, La Revue Aérienne, L'Aérostation, L'Aéro, L'Aviation Illustrée, La Vie Automobile, Les Sports, L'Auto, L'Auto-Vélo, Le Vélo, La Locomotion, La France Automobile et Aérienne, Lecture pour Tous, La Revue des Deux Mondes, Automotor Journal. De Je Sais Tout aparece somente um relato. Enfim, o livro é em boa parte uma louvação a Santos Dumont, construído com compilação a dedo de palavras de estrangeiros.

Contudo, tem defeito grave mesmo em seu papel de engrandecer o biografado. Por um lado, não reproduz dois importantes artigos de Emmanuel Aimé, um dos competentes admiradores de Dumont: "L'histoire des dirigibles: Santos-Dumont (1898-1901)", publicado com muitas fotos em um número especial de Vie au Grand Air, que descreve em detalhe as experiências do aeronauta com seus primeiros dirigíveis; e "Portraits d'aéronautes contemporains: Alberto Santos-Dumont", publicado em L'Aérophile de abril de 1901, um retrato biográfico do grande aeronauta. Não reproduz o histórico folheto anônimo lançado em 1901 em Paris, A conquista do ar pelo aeronauta brasileiro Santos-Dumont (que nos foi brindado somente em 2003 por Lins de Barros). Tampouco reproduz o folheto de 1902 por outro admirador de Dumont, Jules Armengaud, conhecido como Armengaud Jeune, intitulado Le progrés de la navigation aérienne et les expériences de Santos-Dumont. Por outro lado, há ênfase em exibir exaustivamente notícias de que Dumont praticou certos feitos aeronáuticos, embora ninguém jamais tenha posto em dúvida que ele os fez. Ninguém também alguma vez negou que certos jornais da época descrevem o voo do 14-bis como "o primeiro" voo de um avião. A controvérsia Dumont-Irmãos Wright diz respeito a se tais jornalistas da época sabiam o que estavam dizendo; meramente reproduzir recortes desses jornais à exaustão nada contribui para resolver essa questão.

O livro contém também uma série de fotos, que obviamente são de interesse para o melhor conhecimento do aeronauta e de sua obra. Lamentavelmente, porém, a série é completamente desorganizada, tanto em termos de épocas (a ordem das fotos quase sempre conflita com a ordem temporal dos eventos) como em termos de temas (textos sobre balões são acompanhados de fotos de aviões e textos de aviões com fotos de balões).

A brazilianista Vera Kelsey lançou em 1942 seu Six great men of Brazil. Escrito para crianças, inclui uma curta biografia de Dumont, formada de chavões. Não tem nada de valor para o pesquisador ou mesmo o leitor adulto em geral.

Dois folhetos da Coleção Panair, de 1943 (A história do aeroplano, por Miranda Bastos) e de 1944 (Os primeiros passos da aviação, por Guilherme de Hevesy) são de leitura dispensável pelo pesquisador. Nada têm de útil sobre Dumont e contêm apenas uns poucos dados banais da história da aeronáutica.


696

scientiæ studia, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 687-705, 2013