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As biografias históricas de Santos Dumont

Também em 1935 surgiu Vencendo o azul, de José de Oliveira Orlandi, que posteriormente ficou conhecido como historiador da aeronáutica. Não é uma biografia, mas um texto infanto-juvenil que resume a história da aeronáutica e apresenta um breve retrospecto dos feitos de Dumont na fase de sua vida em Paris (sem novidades, comparado aos outros livros). Para um pesquisador hoje, quase nada tem de valor, excetuando-se breve bibliografia da história da aeronáutica e referências a reportagens de jornais brasileiros sobre visitas de Dumont ao Brasil.

No final deste mesmo ano de 1935, o Touring Club do Brasil promoveu um concurso de escritos sobre aeronáutica a serem lidos em escolas de crianças e adolescentes. Os textos premiados nesse pomposa e imerecidamente chamado "Concurso de theses" foram publicados em folhetos de 1936. Entre eles está (grafia da época) O pae da aviação, de 6 páginas, por Arthur de Miranda Bastos, que fornece poucos dados biográficos (hoje muito conhecidos) e contém alguns erros. O alvo de público infantil talvez explique seu estilo indigente. Outros títulos chamativos, mas também textos pobres de espírito, são A aviação e o Brasil, de Abel Pereira Leite (4 páginas) e A conquista do ar, de Lia de Lourdes Portella (6,5 páginas). Fora uns poucos dados banais, nada se encontra neles de relevante sobre Dumont ou a história da aviação.

O livro de Lysias Rodrigues (1937) História da conquista do ar faz um levantamento geral de fatos e pessoas na história dos balões e dirigíveis. Não é uma biografia de Santos Dumont; apenas contém um trecho sobre ele, mencionando os principais fatos já conhecidos.

Em 1938 foi publicado Os meus balões, tradução para o português de Dans l'air, o primeiro livro de Dumont. Arthur de Miranda Bastos, o tradutor, escreveu uma curta biografia do famoso aviador na introdução, além de ter acrescentado notas de pé de página biográficas. Não é fácil encontrar a edição de 1938, sendo mais facilmente disponível o texto reimpresso em 1973; neste, a introdução foi alterada e ampliada, passando a fazer referências identificáveis como posteriores a 1938. Bastos (1938, p. 19-20) teve a oportunidade de conversar com Virgínia, uma irmã do aviador, com os filhos dela, Arnaldo, Margarida e Jorge, bem como com Ricardo Severo, um cunhado do aeronauta. Pouquíssimos biógrafos estiveram em condições tais que permitiriam fazer um apanhado da infância e juventude do grande Alberto, sem falar de outros dados. Porém, Miranda Bastos não aproveitou a oportunidade e não se interessou em obter mais informações. Na prática, seu trabalho também se baseou sobretudo nos livros do famoso aviador. No pouco que sua biografia acrescentou em relação a Fontes e Fontes (1935), destaca-se a divulgação dos nomes corretos dos irmãos e irmãs do aeronauta (bem como suas datas de nascimento).

scientiæ studia, São Paulo, v. 11, n. 3, p. 687-705, 2013

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