Nesse contexto, tal oceano digital que banha a sociedade atual é considerado por alguns autores como um novo ambiente no qual as informações são trocadas, as discussões são travadas e os consensos são alcançados -- ainda que de maneira efêmera. Tais características colocam o ciberespaço como possível extensão da esfera pública, termo utilizado por Jürgen Habermas para definir o ambiente onde se formava a opinião pública burguesa.
De acordo com Lemos (2004), é no século XVIII que surge a esfera pública burguesa na qual a sociabilidade se dava em praças, cafés, livrarias, mercado. Verifica-se a passagem da autoridade real e imperial à esfera burguesa. No século XIX e início do século XX ocorre o aparecimento da massa urbana, para a qual a política passa de assunto de estado à esfera da comunidade, dos assuntos gerais da população. Nasce aqui a opinião pública, oposta à prática do segredo dos governos absolutistas, oferecendo novas possibilidades de debate entre os cidadãos.
Para Habermas, a esfera pública pode ser definida como "uma rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posições e opiniões; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem em opiniões públicas enfeixadas em temas específicos." (HABERMAS, 2003, p.92) O autor propôs que a esfera pública burguesa formou-se como um espaço de manifestação e de expressão de pessoas privadas reunidas em um público para discutir e influenciar nas decisões do Estado, independente deste.
Segundo Silveira (2006), é o âmbito social no qual são debatidos temas relativos à coletividade, em que os indivíduos se apresentam por meio de discursos e do debate racional. Assim, esse espaço deve obedecer somente à lei da racionalidade, afastando outros elementos da vida social como o poder, o dinheiro e as hierarquias.
De acordo com Habermas, a esfera pública não pode ser entendida como uma instituição, nem como uma organização, pois, ela não constitui uma estrutura normativa capaz