Mas que, nas proprias classes tidas por cultas e, de facto, dirigentes, se pense ainda que o Brasil nos foge das mãos e que o podemos e devemos segurar, bastando para tanto a vontade de o fazermos; que, nessas classes, se attribua a animadversão por parte dos governos brasileiros o que deflue logicamente dos elementos vitaes das sociedades; que, nesses meios venturosos, se procurem soluções a um problema, que se presume conhecer mas realmente se desconhece, e não se lembre ninguem de investigar os seus precisos termos — é symptoma alarmantissimo para todos aquelles que ainda amam esta nossa patria e aspiram a uma vida nacional digna e próspera.
Acaso ha quem julgue que perduram no Brasil resentimentos contra a antiga metrópole?
Acaso toda essa gente graúda e fútil não tem olhos para vêr e ouvidos para ouvir?
Não chegam á sua intelligencia preguiçosa nem a sua alma embotada pelo egoismo as provas constantes de intenso affecto que os brasileiros nos dão?
Não se sente em Portugal que as nossas máguas e as nossas alegrias fazem pulsar, para lá do Atlantico, milhões de peitos e tremer milhõs de labios em que as primeiras palavras balbuciadas o foram na língua commum?
Triste, tristissimo estado da nossa alma, vergonhosa condição da nossa intelligencia!
Mandemos ao Brasil homens intelligentes, que lhe estudem a vida sob todos os aspectos e venham esclarecer-nos.
Deixemo-nos de confiar em diplomatas, que sabem elegancias e pragmaticas, mas ignoram as mais singelas noções dos phenomenos sociaes, economicos e juridicos.
Os nossos colonos no Brasil, os nossos patricios que lá trabalham em qualquer esphera da actividade, valem muito mais, para a indicação das necessidades