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e todo o esforço brasileiro para realizar a desejada approximação redundariam em uma perda.

É, porém, certo que os laços que ligam Portugal ao Brasil assim como a Hespanha as republicas hispano-americanas não apresentam indicios de enfraquecimento, apezar das divergencias antes apontadas.

0 erro, por parte dos povos da peninsula iberica é o mesmo: portugueses e hespanhóes persistem, pelo seu ferrenho conservantismo, que a ignorancia tutéla e couraça contra todas as conquistas o progresso, em vêr as coisas de hoje com os olhos com que viam as dos tempos do seu poderio…

Ambos esses paizes esquecem que se lhes foram, de longa data, as colonias americanas e que, lá, onde as tinham, existem hoje florescentes estados e povos trabalhados por uma nova civilização…

Supino erro de apreciação: porque o facto de terem os povos americanos de origem ibérica evolvido em sentido differente do adoptado até agora pelos ibéricos não implica necessariamente definitivo divorcio ou rompintento.

Dil-o o simples bom-senso. Effectivamente, apezar das divergencias verificadas, e incontestaveis, tem de se reconhecer, de ambos os lados do Oceano, que perduram as intimas relações e a consciencia de que eçlas se hão de estreitar ainda mais entre os dois ramos de cada uma dessas familias.

O que é evidente é que os americanos, do sul, do centro e do norte, só podem proseguir no caminho encetado.

Nem é admissivel o capricho em materia desta natureza. Os povos tem os seus destinos prescriptos pelas condições do meio em que se desenvolvem.

Meio physico, meio psychico, meio politico, meio social, meio internacional — é claro.

Esse complexo meio impõe aos povos da America destinos americanos.