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trinados de toda a parte; quando aqui se calava um pássaro, dois e três começavam a gorjear mais adiante. Todo o espaço estava cheio dessa música festiva, num concerto incessante.

Tinham andado uns cem metros, quando Juvêncio parou, e voltou-se para os companheiros:

— Tenho uma idéia... Se tomássemos um banho na fonte? Não há nada como um bom banho frio, para restaurar as forças da gente...

— Vamos! — acudiram prontamente Carlos e Alfredo.

Enveredaram para o lado da fonte. Foi um verdadeiro regalo o banho àquela hora matinal! A água era abundante e limpa, de uma pureza admirável, correndo entre pedras lisas. Como não tinham toalha ou lençol, deixaram que o ar lhes enxugasse os corpos. Enfiaram as roupas, e puseram-se a caminho, sentindo-se bem dispostos e fortalecidos. Daí a pouco estavam na estrada real.

Eram dez horas da manhã, quando encontraram uma venda. Era uma casa rústica, com um vasto telheiro ao lado. Os viajantes, que já sentiam fome e cansaço, resolveram parar ali. Carlos lembrou-se de comprar algumas cousas de que tinha necessidade: uma faca, um pedaço de sabão, fósforos, um pouco de carne e farinha. Gastou nisso o resto do dinheiro. Juvêncio despendeu os dois mil réis que possuía, adquirindo uma boa provisão de café e açúcar, e uma caneca. Perto, em frente a uma choupana de sapé, dois homens batiam feijão.

— Mas como vai você preparar o café se não tem um coador? — perguntou Alfredo.