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XXI. UM DESAPIEDADO E UM BONDOSO

Andaram mais uma légua, e chegaram a um sítio, a uma fazenda de criação de gado, à beira da estrada. Era quase noite, e, sem discussão, resolveram dormir ali. A princípio, pensaram em andar mais um pouco, e ir pedir pousada na casa da fazenda: mas estavam tão cansados, e a casa ainda devia ser tão distante, que deliberaram pousar no rancho deserto que encontraram: estariam mais em liberdade, e não incomodariam o fazendeiro.

Entraram, apanharam lenha, acenderam uma fogueira, e forraram com folhas secas o chão do casebre.

Enquanto Juvêncio e Carlos preparavam o jantar, Alfredo saiu, e adiantou-se alguns passos pelo campo. A essa hora, vinha o gado recolhendo. O céu ia pouco a pouco trocando a cor pálida do crepúsculo pela cor escura da noite. As estrelas começavam a palpitar no firmamento. Alfredo, encantado, contemplava os bois, os bezerros, as cabras, os carneiros que passavam com a cabeça baixa, num tropel cerrado e confuso. Atrás do rebanho, vinha o vaqueiro.