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— Ora, paciência! — disse Juvêncio — vamos levantar acampamento! Dormiremos no mato. A noite está boa.

Saíram, e enveredaram pelo negror da noite. Carlos ia acabrunhado, pensando na dureza da alma daquele homem. Alfredo mal podia caminhar, e gemia. Cerca de trezentos metros adiante, avistaram uma luz, fixa e brilhante como a de um farol.

— Ali há uma casa. Vamos ver se nos dão pousada! — disse Juvêncio.

— Não, protestou Carlos; — prefiro dormir no mato a sujeitar-me a ser expulso outra vez!

— Mas nem todos os homens são perversos como aquele bruto! — retrucou o rapaz. — Quem sabe? Talvez acharemos ali gente de bom coração... Se nos repelirem, paciência; mas o nosso dever é ver se arranjamos um pouso. Olhe que seu irmão está quase caindo de cansaço, e não está acostumado a dormir ao relento!

Esta última razão bastou para vencer a resistência de Carlos. Felizmente, a casa não estava longe. Alcançaram-na com algumas passadas. Era uma construção baixa e modesta, mas muito limpa, tendo ao lado um curral de cabras, e mais adiante uma roça bem cuidada. Bateram à porta; acudiu logo ao chamado um homem ainda moço, simpático, que era o dono da casa. Juvêncio não se enganara: tinham encontrado gente de bom coração. O homem acolheu-os com afabilidade, e tratou de agasalhá-los do melhor modo possível, dando-lhes comida boa e abundante.