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Jantaram à pressa, e partiram. À beira da floresta, Juvêncio limpou o chão à sombra de uma bela árvore, e aí acomodou o menino, recomendando-lhe que se não afastasse daquele lugar. Para que ele não se aborrecesse, o sertanejo armou uma arapuca, e disse:

— Vosmecê fique vigiando a armadilha: daqui a pouco, verá como vem cair dentro dela um passarinho...

E embrenharam-se os três pelo mato. Juvêncio ia adiante, andando devagar e com cautela, pisando de leve, sempre com o dedo no gatilho da espingarda, e olhando com cuidado para um e outro lado, examinando a espessura da floresta. Alguns passos atrás, com a mesma cautela e atenção, seguia Júlio. O último era Carlos, que, não habituado a excursões pelo mato, embaraçava os pés nos cipós, tropeçava nas raízes das árvores, caía, distanciava-se dos outros, perdia-os de vista, chamava-os. Juvêncio voltava-se, punha um dedo nos lábios, impunha-lhe silêncio.

Chegaram assim até perto de uma nascente de água límpida. Juvêncio parou um pouco, recomendou aos outros que se conservassem quietos, e, sem afastar os olhos de uma certa árvore que se levantava a poucos passos de distância, pouco a pouco e sorrateiramente se foi aproximando dela. Carlos, perplexo, olhava também a árvore, procurando o que nela havia, mas nada enxergava. Juvêncio levou a espingarda ao ombro, e fez fogo. Assim que reboou o estampido do tiro, caiu do alto das ramagens um pássaro escuro e grande, do tamanho de uma galinha. Era um jacu. Daí a pouco, o rapaz matava outro jacu e uma