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foram obrigados a parar: já nada viam, e não poderiam caminhar senão às apalpadelas...

Reconheceram que estavam também perdidos, sem saber que direção haviam de tomar. Juvêncio calava-se, aflito, e Carlos sentia um verdadeiro desespero.

— Não há remédio! — disse o sertanejo — devemos ficar aqui mesmo...

— E Alfredo? — perguntou Carlos, com angústia.

— Que havemos de fazer? Se estamos também perdidos... Vamos fazer fogo, e acampar. Talvez a gente de casa se assuste, e venha à nossa procura... Juvêncio riscou um fósforo; fizeram fogo, e ficaram junto dele, acabrunhados, soltando de vez em quando altos gritos. Duas horas passaram-se, nessa aflição. Por fim, ouviram um grito longe, muito longe. Responderam. Ouviram o estampido de um tiro... Os gritos continuavam, de parte a parte. Os dois que vinham aproximavam-se cada vez mais, até que se ouviram distintamente duas vozes, — a do carreiro e a do irmão... Eram eles, de fato:

— Vamos rapazes! Vocês sempre nos deram um susto tremendo!... O menino está lá em casa: chegou com o meu Júlio, — disse o fazendeiro. — o pequeno aborreceu-se, impacientou-se, e afastou-se da árvore junto da qual vocês o haviam deixado. Quis entrar no mato, mas teve medo, e começou a procurar a estrada, andando à toa. Felizmente, Júlio encontrou-o...

— Felizmente! — exclamou Carlos, com um suspiro de alivio.