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ao lado do irmão; mas o tropeiro condoeu-se dele, e autorizou-o a montar um dos burros da tropa. Foi uma fortuna para o menino, que, sem fadiga, pôde assim suportar as quatro léguas que a caravana percorreu nesse dia.

No dia seguinte, venceram facilmente mais cinco léguas. Os viajantes conversavam, para “matar o tempo”. Os tropeiros falavam da sua vida trabalhosa, mas não se mostravam descontentes: o trabalho dava bom lucro, — mais do que muitos outros, sobrecarregados de dificuldades e de impostos.

Ao anoitecer do segundo dia de viagem, chegaram a uma fazenda de criação. Aí devia parar a tropa. Juvêncio e Carlos receberam o seu salário, correspondente a dois dias de trabalho.

À vista daquele dinheiro, — era o primeiro que ganhavam! — ficaram contentíssimos. E pensaram logo em obter qualquer trabalho naquela grande fazenda, para arranjar mais dinheiro, com que pudessem fazer face às despesas do resto da viagem. Os tropeiros recomendaram-nos ao fazendeiro, que justamente estava começando a colheita do algodão, e precisava de trabalhadores. Ficou combinado que Carlos e Juvêncio ajudariam a colheita e ganhariam na proporção do que colhessem. Os dois rapazes atiraram-se ao serviço com um ardor extraordinário. Nas horas de menos forte calor, também Alfredo os auxiliava — muito orgulhoso por dizer que também era capaz de trabalhar. O certo é que colhiam cada dia, tanto quanto os outros trabalhadores, que eram homens adultos e robustos. Até o fazendeiro estava admirado.