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XXIV. O ALGODÃO

Correu, então, uma semana, que foi de certa serenidade de espírito para os dois meninos. O trabalho, a preocupação, a fadiga, a novidade da vida foram derivativos para a mágoa que os oprimia.

Os dias eram de labuta extenuante; à noite, antes do sono profundo em que os mergulhava o cansaço, havia ainda a distração do sertão tranqüilo que sucedia à refeição. Alguns dos tropeiros e dos trabalhadores da roça traziam os violões ao vasto terreiro que defrontava a casa da fazenda: cantavam as “modinhas” do sertão, cheias de saudade e melancolia; às vezes, justavam em “desafios”, e improvisavam quadrinhas de ingênua graça, provocando o riso dos presentes. Juvêncio, com a sua vivacidade habitual, também fazia parte do divertimento, e contava histórias rimadas, em que havia diálogos de homens e animais, — brigas heróicas entre sertanejos boiadeiros, e disputas fabulosas entre a onça e o sapo, ou entre a cobra e o lagarto.

Os dois meninos apreciavam com encanto aquela inocente alegria dos trabalhadores. Alfredo, principalmente, entusiasmava-se com