Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/121

Wikisource, a biblioteca livre

XXVI. A CRUZ DA ESTRADA

Profundamente abatido pelas terríveis comoções daquele dia, Carlos quis desistir do seu projeto de acompanhar a boiada.

— Nada! — disse ele a Juvêncio — já fiquei conhecendo bem os perigos a que a gente se expõe, neste ofício de lidar com bois bravos... Quase vi o Alfredo morto, e escapei também de ser mutilado pelos chifres daquele novilho... Para que havemos de arriscar a vida inutilmente? Não esperemos pela partida da boiada, e partamos hoje mesmo!

— Bem! — respondeu o rapaz sertanejo — não sigamos com a boiada, mas, em vez de partir hoje, partamos amanhã. Aproveitaremos o dia, para consertar nossas roupas que estão rotas...

Assim fizeram. Remendaram e coseram as roupas, e, no outro dia, despediram-se do criador, que lhes forneceu generosamente alguns víveres, e partiram.

Caminharam durante quase todo o dia, vagarosamente — para evitar a fadiga, — e parando de quando em quando.

A estrada era boa, mas desabrigada, sem árvores, cortando terrenos despovoados e secos,