Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/122

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muito castigados do sol. Os rapazes ofegavam e suavam, com as faces afogueadas pelo calor.

Ao cair da tarde, entraram numa região mais fresca, mais coberta de mato, e, ao mesmo tempo, mais cultivada. Sentia-se que havia habitações ali perto.

À beira da estrada, encontraram, numa encruzilhada, num sítio baixo, sombreado e triste, um ranchinho de telhas, aberto por todos os lados, abrigando uma cruz. Era um cruz de pau tosco, já enegrecida pelo tempo, — mas enfeitada com flores e fitas de papel.

Pararam todos: e Alfredo lembrou-se de já ter encontrado, várias vezes, pelo caminho, outras cruzes como aquela...

— Que quer dizer isto? — perguntou ele. — Desde Pernambuco, venho encontrando estas cruzes...

— Estas cruzes — explicou Juvêncio — marcam quase sempre os lugares onde mataram gente. Também, às vezes, marcam a sepultura de pessoas pobres, cujos corpos não puderam ser conduzidos para os cemitérios... Mas, em geral, quando se levanta uma cruz à beira da estrada, isso quer dizer que aí foi assassinada uma pessoa. Antigamente, cometiam-se por aqui muitos crimes: por qualquer causa insignificante, um indivíduo tirara a vida ao outro; e, naturalmente, os assassinos sempre praticavam as suas maldades em lugares ermos como este. Vinham esperar a vítima, e matavam-na a tiro ou a facada...

— E a polícia? — perguntou Alfredo.