Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/126

Wikisource, a biblioteca livre

luzir no ar um corpo prateado, que foi bater em cheio no chão, e principiou a pular: era uma piabanha, de um palmo de comprimento.

Nesse mesmo instante, Carlos sentiu também que o seu anzol tremia. Açodado, fez o que vira o companheiro fazer, e puxou a vara com violência: mas o peixe tinha comido a isca, e fugira.

Carlos ficou um tanto envergonhado: e Alfredo ria gostosamente, vendo a cara espantada do irmão.

Juvêncio pôs-se então a explicar que as primeiras qualidades do bom pescador são a paciência e a tenacidade. É preciso esperar o momento preciso em que se deve dar o safanão: ao contrário, o pescador arrisca-se a perder, ao mesmo tempo, a isca e o peixe...

Conversaram sobre isso, quando ouviram vozes que se aproximavam. Eram vozes de mulheres... Voltaram-se os três, e viram cinco mulheres, que desciam a ribanceira carregando grandes trouxas de roupa.

— Ah! Carlos! E eu estou sem calças! — exclamou Alfredo.

— Que tem isto? Deixa-te de tolices... Todos vêem que és uma criança.

As lavadeiras tinham ouvido a exclamação do pequeno. Uma delas, já velha, vendo-o correr, e esconder-se atrás de uma árvore, deu uma risada, e disse por gracejo:

— Vejam lá que vergonha! Um homem assim, sem calças!

Outra, uma cabocla, de fisionomia expansiva, perguntou a Carlos, vendo-o com a linha de pescar: