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pescava. As outras, batiam, ensaboavam, torciam, estendiam, borrifavam a roupa; e Alfredo acompanhava com interesse o trabalho das lavadeiras, com os braços nus, mostrando as veias salientes, e cobertos de espuma de sabão; divertia-se, vendo a roupa, que, antes de ficar molhada, flutuava sobre a água do rio. Carlos, ao lado da rapariga, acompanhava as peripécias, da pescaria. Ela preparou o outro anzol, e ensinou-lhe a maneira de fisgar o peixe:

— Quando sentir algum movimento no anzol, vá levantando e abaixando devagar a linha; e assim que sentir resistência, dê o puxão. Vamos! Experimente!

Carlos aproveitou tão bem a lição, que conseguiu apoderar-se de dois peixes, que, com os outros já pescados pela rapariga, deviam dar um farto e excelente jantar.

Alfredo viu a velha tirar alguns objetos de dento de um são todo de couro, coberto de pêlos espessos.

— Que saco é esse? — perguntou.

— É um surrão. — E como percebesse que o pequeno não entendera a resposta, explicou: — O surrão é um couro inteiro de bode. Mata-se o bode, corta-se-lhe o couro junto da cabeça, e vai-se puxando pouco a pouco, — com o mesmo jeito de quem tira uma meia do pé. Corta-se depois o couro, junto dos pés do bode, e ele sai inteiro; enche-se de palha, põe-se a secar ao sol ou ao vento, e obtém-se um saco como este; é só o que se usa no sertão.

— Mas esse saco deve cheirar mal...