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Depois do jantar, os pequenos acomodaram-se. Já noite alta, Carlos percebeu que o irmão se agitava, choramingava, gemia. Apreensivo, levantou-se e foi apalpar o corpo do pequeno, achando-o muito quente. Alfredo sentia dores vivas no pé. A ferida inflamara-se, o pé inchara e avermelhara-se.

Carlos, sem saber como havia de aliviar o irmão, esperou que amanhecesse, e passou o resto da noite entre sustos e reflexões tristes. Como resolver essa dificuldade? Alfredo, naquele estado, ardendo em febre, não poderia continuar a viagem... com que recursos contaria ele, Carlos, para salvar o irmão, naquele lugar quase deserto, sem médico, sem farmácia? Ainda se o Juvêncio ali estivesse... Porque, enfim, o Juvêncio era expedito, experiente, decidido, e achava sempre uma solução para todos os casos difíceis... Justamente, uma das cousas que mais preocupavam o Juvêncio no Riachinho. Que pensaria e que faria ele, quando não visse chegarem aos companheiros?

Amanheceu. Entrou logo, no aposento em que Carlos e Alfredo tinham passado a noite, a velha lavadeira:

— Que é isto? O seu irmãozinho está doente? — perguntou ela, a Carlos, sobressaltada.

Examinou a ferida, e tranqüilizou-o:

— Foi porque não souberam tirar o bicho... Mas isso não é grave.

Lavou a ferida com aguardente canforada, colocou sobre ela uma cataplasma de tapioca também canforada.