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Bento, — o dono da casa — veio também ver o menino, mostrou-se extremamente penalizado, e disse:

— Não há gravidade, felizmente. Mas, agora, o remédio que há é ficarem aqui um dia ou dois.

Carlos quase lhe pediu que fosse ao tal arraial avisar o Juvêncio, e dizer-lhe o motivo da demora. Mas não se animou a fazer o pedido, porque o homem disse logo que tinha de enfardar uma grande quantidade de algodão, já vendido.

Com a aplicação dos remédios, Alfredo melhorou consideravelmente. As dores diminuíram logo, e a febre cedeu. O menino bebeu uma cuia de leite, e adormeceu.

Carlos, acompanhado pela rapariga, Maria das Dores, passou o dia ao lado dele, mais sossegado, mas ainda preocupado com as consequências da melhora. Era provável que Juvêncio voltasse, para saber o que era feito deles... Era provável, mas não era certo. E se não voltasse? E se continuasse a viagem sozinho, — uma vez que não tinha o dever de se preocupar com a sorte de companheiros a quem mal conhecia? Esta idéia mortificou o espírito de Carlos: o Juvêncio era um companheiro tão bom, tão inteligente, Tão conhecedor dos caminhos! Além disso, aquela convivência de poucos dias criara no coração de Carlos uma grande amizade por aquele excelente rapaz, tão bravo, tão carinhoso e tão serviçal...

No meio dessas cogitações, surpreendeu-o a voz da velha, que o chamava:

— Venha almoçar! Seu irmãozinho está sossegado, e você já deve sentir fome...