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XXXI. MARIA DAS DORES

Carlos considerou que era realmente melhor não acordar o irmão; deixou-o dormir, e passou à sala, que era ao mesmo tempo de visitas, de trabalho e de jantar. Apesar da sua pobreza, o aposento tinha um ar alegre; os móveis, antigos e já sem verniz, estavam cuidadosamente espanados: o lampião de metal reluzia, de tão bem areado; na janela, dentro de uma pequena gaiola, cantava um curió.

O almoço era farto: feijão, carne de sol assada, bananas; mas Carlos comia maquinalmente, preocupado com a doença do irmão, e com as dificuldades com que ainda tinha de lutar até chegar à capital da Baía, — dificuldades que maiores lhe pareciam agora, na ausência do providente Juvêncio.

Ia em meio o almoço, quando se ouviu a voz de Alfredo, que despertara. Carlos correu ao quarto, e teve a satisfação de ver que o doente estava sem dúvida, muito melhor.

— Então? Como te sentes?

— Muito bem! — respondeu o pequeno. — Já quase não sinto dor no pé.