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— Queres almoçar?

— Quero, sim, que tenho bastante fome.

— Não te levantes. Vou buscar o teu almoço.

A dona da casa arranjou à pressa um almoço leve para o enfermo, — um pirão de farinha, um ovo frito, — e disse à filha, Maria das Dores, que a fosse levar ao quarto.

Alfredo já vira, na véspera, a rapariga, à beira do rio. Mas, olhando-a entre tantas outras, não reparara bem nas suas feições. Agora, vendo-a entrar com o almoço, achou-a encantadora.

Maria das Dores era uma mocetona morena, quase cabocla, mas muito corada e de traços regulares. Tinha olhos negros, lábios finos mostrando uma fileira de dentes alvos e iguais, rosto redondo, testa estreita, cabelos muito lisos e pretos, atados no alto da cabeça. Tinha um ar de candura e de meiguice, e, ao mesmo tempo, de simples e ingênua franqueza.

Entrou, deu o almoço ao pequeno, e começou a conversar com ele, que logo se sentiu atraído pela sua bondade.

— Então, ainda não está bom?

— Não estou bom, mas já estou muito melhor. Ora eu, ontem, conversei tanto com você, e não lhe perguntei o seu nome!...

— Maria das Dores.

— Você não tem irmão?

— Tive um que morreu pequenino, de sarampo.

Daí a pouco, ia tão animada a conversação entre os dois, que Carlos e a velha lavadeira ouviam lá dentro as risadas alegres de ambos.