Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/146

Wikisource, a biblioteca livre

um ribeirão manso e profundo, de águas frescas e puras na sombra quieta do arvoredo. Era agradável o sítio, principalmente para quem vinha escaldando sob o sol das três horas da tarde; e Juvêncio, depois de fartar a sede e refrescar longamente as mãos, o rosto e os pés na água da corrente, acompanhou-a um pouco, entretido a ver as piabanhas que surgiam aqui e ali, à tona da água, e a mirar as raízes grossas e nodosas que, descendo a escarpa da ribanceira, iam até o fundo do ribeiro. Teria ele dado uns vinte passos, e deu com uma clareira, larga e limpa, cujo relvado o sol brumia e destacava no sombrio do bosque. Aí, o terreno descia suave para a corrente; as águas espraiavam-se, e via-se o fundo arenoso do córrego. Era um passo, era um ponto onde homens e animais podiam facilmente atravessar a corrente. Mas o rapaz não tinha folga para fazer maiores explorações, e não pensou em transpor a água; cortou a clareira no mesmo sentido em que vinha, e deu com um trilho que partia para cima, para fora do mato, mas numa direção quase oposta. Tomou por ele, calculando que iria dar na estrada real; e de fato, minutos depois, estava de novo no caminho, que reconheceu perfeitamente por ver os morros pelados para o lado de cima. Sucedeu com isto, apenas, que o rapaz veio sair uns trezentos metros adiante do ponto onde deixara o caminho, e atalhou assim uma boa distância.

Às seis da tarde, estava Juvêncio na vila do Riachinho, e não lhe foi difícil acertar com a casa do indivíduo a quem vinha destinada a carta. Era um negociante, juiz de paz da vila.