XXXVII. QUEM NÃO PODE TRAPACEIA
Ia alto o dia, quando entrou no quarto um dos criados, trazendo um pequeno pedaço de carne, um pouco de farinha, e uma banana; — já Juvêncio estava completamente transformado, calmo, e quase alegre. Espantou-se o criado, ao verificar aquela mudança, e ia abrir a boca para interrogar o rapaz, quando este lhe disse, no tom mais natural:
— Ouça! Diga ao seu patrão que estou disposto a confessar tudo. Ele que venha cá, se quer saber onde estão os seus cavalos.
— Mas, menino! — exclamou o homem, indignado — você ainda agora não jurava que era inocente?!
Doeu-se Juvêncio, vendo-se assim tratado por mentiroso e hipócrita: esteve para contar o que pretendia fazer — todo o seu plano de salvação. Mas receou perder-se, e suportou com resignação a imerecida ofensa.
Momento depois, entrava no quarto o coronel, sempre áspero e antipático, mas com a fisionomia denotando a mais viva curiosidade.
— Ah! Velhaco! Sempre te decidiste a confessar? Ora vamos a isso! Então, os meus cavalos?