Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/157

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— Sr. Coronel! — começou o rapaz, procurando dar à voz um tom natural — confessarei; mas peço-lhe que me proteja, porque aqueles malvados, se sabem que eu os traí, são capazes de matar-me...

— Não tenhas medo!

— Não sou filho de algum daqueles homens...

O coronel franziu a testa...

— ...Sou sobrinho de um deles.

E estavas em companhia deles, quando me furtaram os cavalos?

— Não, senhor. Eu estava guardando outros dois cavalos, perto do Angico, e esperando um outro companheiro, que tinha ido a Vila Nova.

Já se interessava o coronel...

Juvêncio prosseguiu:

— Nós somos de Pernambuco. Já andamos por aqui três vezes. Eles são quatro...

— São quatro? — interrogou, ansioso, o fazendeiro.

Juvêncio, obedecendo ao plano que formara, continuou a contar o seu romance, todo inventado:

— São quatro. Quando aqui estiveram, das outras vezes, furtaram seis cavalos, passaram o rio São Francisco, abaixo de Juazeiro, e foram vender os animais em Pernambuco, lá para os lados do Triunfo. Agora, naturalmente, vão fazer o mesmo. Andamos por estas bandas há uns dez dias...

e descreveu minuciosamente a viagem, de Juazeiro até ali, para provar que dizia a verdade. Depois:

— Chegando aqui, trataram de saber quais os animais que poderiam furtar. O primeiro animal