Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/176

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Depois, vocês todos, quando se querem empregar, pedem tanto dinheiro...

— Eu não! — acudiu Juvêncio — olhe! Não faço questão de salário. Deixe que durmamos aqui, eu e os meus companheiros; comeremos um pouco do que houver, e, se o senhor, no fim da tarefa, ficar satisfeito comigo, poderá dar-me o que quiser...

— Lá quanto à dormida e comida, estamos entendidos. Não faltam por aí cantos onde vocês se deitem; e comida, graças a Deus, nunca faltou nesta casa... Vá lá! Aceito os seus serviços; e, se você for trabalhador quanto é “despachado”, sempre há de ganhar algum cobre... Mas é bom ficar bem entendido que só o emprego enquanto o outro rapaz estiver doente.

— Não há dúvida! Nós temos necessidade de continuar a nossa viagem, e não tencionamos demorar-nos...

Juvêncio foi logo pôr o avental, e começou a trabalhar, com grande divertimento de Alfredo, que achava em tudo aquilo mais uma novidade para sua distração.

O rapaz sertanejo tomou conta do fogo da forja, e do grande fole, que era movido por uma grossa corda; ora deitava carvão no braseiro, ora puxava a corda: o fole abria-se e fechava-se, expelindo ar para o montão de brasas, e ativando as chamas, a que o ferreiro expunha as peças de ferro, até que ficassem incandescentes e prontas para o trabalho.

Carlos, deixando os dois companheiros na oficina, foi dar uma volta pela vila. Alfredo não quis