Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/180

Wikisource, a biblioteca livre

Carlos procurou ansiosamente a seção dos anúncios, e encontrou logo naquele que buscava, e vinha encimado pelo mesmo título da notícia: “De um colégio do Recife desapareceram há dias dois alunos, Carlos e Alfredo, o primeiro de 15 anos de idade, e o segundo de 10, filhos do engenheiro Dr. Meneses. Dar-se-á uma boa recompensa a quem os apresentar, ou a quem deles der notícias seguras, ao Sr. Inácio Mendes, negociante, à rua... n. ...., nesta cidade da Baía”.

O menino abençoou o pressentimento que tivera ao avistar o maço de jornais sobre o balcão; tomou nota da rua indicada no anúncio e do nome do negociante, e, depois de dobrar com cuidado as folhas e de agradecer aos viajantes, saiu apressadamente, para comunicar a notícia a Alfredo e Juvêncio.

Na oficina cessara o trabalho. Era hora do jantar. Quando Carlos entrou, já estava preparada a refeição, frugal mas boa, a que o ferreiro, os seus ajudantes, e os três meninos souberam fazer honra. O ferreiro estava satisfeito com o trabalho de Juvêncio, e conversava com animação. Juvêncio e Alfredo notavam que Carlos estava visivelmente preocupado: e observavam que o seu ar era mais de alegria do que de tristeza.

Terminado o jantar, Carlos chamou de parte o sertanejo e o irmão, e deu-lhes parte do que acabava de ler no jornal da Baía. Alfredo começou logo a saltar de contente. Mas o irmão mais velho ainda não via o horizonte cor de rosa...

— Tudo está muito bom, mas ainda não sei como havemos de chagar até a Baía...

— Ora! Como havemos de chegar à Baía! — exclamou Juvêncio —