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XLV. NUM VALO

O dia, seguinte ao da leitura dos jornais, passou-se sem novidade. À tarde, apareceu na oficina o aprendiz que tinha enfermado; vinha bom, e pronto para recomeçar a trabalhar no outro dia. Carlos chegou a estimar a ocorrência, porque todo o seu desejo, agora, era partir o mais depressa possível para a Baía. O ferreiro, que era bom homem, deu a Juvêncio dois mil réis, com que este, antes de se deitar, comprou alguns víveres, carne e pão, para a viagem. Dormiram e ao romper da manhã, puseram-se a caminho. Os meninos carregavam a matalotagem, e Juvêncio uma cabaça cheia de água.

Enquanto marchavam, iam conversando sobre a grande novidade que os preocupava. Quem seria aquele negociante da Baía? — que interesse teria ele em conhecer o paradeiro dos dois? Qual seria o intuito do anúncio?

— Só pode ser bom! — disse Juvêncio. — Os senhores não têm parentes na Baía?

— Não. É verdade que meu pai devia ter por lá alguns conhecidos... — disse Carlos. — Os únicos parentes que temos estão no Rio Grande do Sul.