Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/183

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— Bom. Mas esses parentes já devem Ter recebido a notícia da morte de seu pai; talvez o negociante da Baía seja amigo deles.

— Talvez. Em todo o caso, tiraremos a cousa a limpo, quando lá chegarmos.

Alfredo que ia um pouco adiante, parou de súbito, e inclinou a cabeça, como prestando atenção a um ruído.

— Que é? — perguntou-lhe o irmão.

— Psiu! — recomendou o menino.

E continuou a prestar atenção, voltando-se ora para um, ora para outro lado.

Os outros aproximaram-se.

— O que é? — repetiu Carlos.

— Estou ouvindo qualquer cousa como um gemido... Ouçam...

Carlos e Juvêncio afiaram o ouvido. Havia, de fato, alguma cousa. Era um como lamento longínquo...

— É voz humana! — murmurou Carlos.

— E vem dali, de dentro do mato, à esquerda... — acrescentou Juvêncio.

Seguiram, nessa direção. Os gemidos acentuavam-se. Chegaram a um valo, cavado no mato, perto do caminho; reconheceram que era efetivamente dali que partia a voz. Debruçaram-se, e viram lá em baixo um vulto estirado sobre os galhos secos. Era um velho.

— Está morto, coitado! — exclamou Alfredo.

— Qual morto! — disse Juvêncio — vosmecê já ouviu um morto gemer? Está vivo, e devemos socorrê-lo!

— Está claro! — afirmaram ao mesmo tempo os dois irmãos.