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Colocado o corpo na rede, foi esta solidamente suspensa de uma longa vara resistente; de cada uma das extremidades tomou conta um dos homens que tinham chegado com Juvêncio. Como tinham trazido animais, os dois meninos e o sertanejo puderam fazer comodamente a viagem de regresso à vila, escoltando a rede em que ia o ferido.

Enquanto o préstito se punha a caminho, o terceiro empregado seguiu a galope, em direção à Vila Nova, afim de trazer um médico.

A viagem foi triste.

Marchavam a passo. De quando em quando, Carlos aproximava-se da rede, e examinava o moribundo.

O seu estado era o mesmo. Nem sentia o balanço, e apenas um leve erguer e abaixar do peito denotava que a vida ainda não o abandonara.

Entraram na povoação às quatro horas da tarde. À porta de cada uma das casas, chegavam pessoas curiosas, a quem os dois empregados contavam o que sucedera ao patrão. No “sítio” deste, estavam apenas uma sua filha casada e o marido; numa ansiedade terrível, levaram o velho a uma alcova, e deitaram-no, esperando ainda poder salvá-lo com o auxílio do médico que tinham mandado chamar a Vila Nova.

Mas, poucos minutos depois, o homem expirava, sem ter voltado a si.

Carlos, quando viu que tinha passado a primeira explosão de dor, chamou de parte o genro do morto, e entregou-lhe o maço de dinheiro sem se referir à recomendação, que o velho lhe fizera, de guardar o dinheiro: repugnava-lhe aceitar aquele