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XLVIII. O JURAMENTO

A viagem até Vila Nova fez-se sem incidentes. No compartimento de Segunda classe, os três rapazes não se cansavam de recordar os casos diversos que tinham havido até ali, durante aquela difícil peregrinação.

— Quanta cousa nos tem acontecido! — dizia Carlos — se fôssemos contar tudo isso, pensariam que estávamos inventando uma história...

É verdade! — respondia Juvêncio. — Não lhe disse anteontem que não havíamos de morrer à fome? Não lhe disse? Já almoçamos bem, temos dinheiro para chegar à Baía... A gente, nesta vida, deve ter confiança em si mesma. É preciso não desanimar nunca! O dia da desgraça é a véspera da felicidade.

— O que eu admiro, Juvêncio, é a sua calma! — observou Carlos — você é de uma coragem extraordinária! Depois de tudo quanto tem sofrido, a sua alegria é sempre a mesma. Olhe que bastavam aqueles sustos que você passou em casa do coronel para abater um homem forte!

— Ah! Seu Carlinhos! A gente do sertão é toda assim! Nós não somos como muitos desses, das cidades, para quem a vida é fácil desde o princípio.