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— É a fornalha do engenho? — perguntou Carlos, sem hesitar.

— É sim, — respondeu-lhe Juvêncio.

Contemplaram-na um instante, e, rodeando-a, penetraram na grande usina agrícola. O interior era o de um vasto galpão aberto, exceto para o lado da estrada real, fechado pela parede que ia até o teto. Num pequeno patamar, sobranceiro à divisão onde ferviam os caldos de açúcar, estava o dono do engenho, um homem já idoso, mas robusto, tez queimada, olhar apagado, e fronte enrugada. Trancoso dirigiu-se logo para ele; os rapazes ficaram de pé, ao lado, atentos ao enorme movimento que os cercava; e mal tinham espalhado o olhar em torno, tiveram de apartar-se espremendo-se contra o patamar, para dar passagem a um rapazote conduzindo um burro que arrastava um largo couro de boi. Dirigindo-se para a moenda, que se levantava no meio da casa, rapazote desatrelou o couro arrastado, e prendeu aos peitorais do animal os tirantes de um outro couro que ali se achava, já cheio de bagaço, e retirou-se, depois de bem ajustar o couro vazio para receber o bagaço que saía da moenda.

— Aquilo é a moenda, — explicou Juvêncio, apontando com o dedo a espessa engrenagem de ferro, em cuja parte superior se viam três cilindros, movendo-se em sentidos contrários.

Um homem e uma mulher não paravam, apanhando as canas, às duas e às três, encostando-as aos cilindros da moenda, por entre os quais os caules lisos desapareciam, tragados em segundo, e surgindo do outro lado, transformados em bagaço. Os cilindros moviam-se apertadíssimos