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parada, e fazia perguntas sobre perguntas a Juvêncio, que respondia como podia, às vezes bem embaraçado para satisfazer aquela inesgotável curiosidade.

Por volta das quatro horas da tarde, o trem atravessou sobre uma ponte o rio Jacuípe, de águas plácidas, banhando margens cobertas de abundante vegetação, e, logo depois, parou numa estação. Havia quinze minutos de demora, e os rapazes desceram, para, como dizia Juvêncio, desenferrujar as pernas. Assim que pisaram a plataforma da estação, uma voz gritou:

— Juvêncio!

O sertanejo voltou-se, e teve uma exclamação de júbilo:

— Oh! Manuel!... — e precipitou-se para abraçar um rapaz, pouco mais velho do que ele, que lhe retribuiu o abraço com efusão.

Eram conhecidos antigos, filhos da mesma terra, criados juntos. Juvêncio apresentou-o aos seus companheiros.

— Para onde vão? Perguntou Manuel.

— Para a Bahia.

— E eu também! — disse ele.

E começou a contar o que tinha feito, depois que saíra de Cabrobó. O pai mudara-se de lá para uma roça, perto da cidade de São Francisco. A mãe falecera, e o velho ficara muito acabrunhado de desgosto, começara a ficar inativo e triste, e agora estava doente, numa cama, sem se poder mover. De modo que era ele, Manuel, quem sustentava toda a família.

— Como, Manuel?