Página:Atravez do Brazil (1923).pdf/220

Wikisource, a biblioteca livre

— E hei de sempre lembrar-me dele! — exclamou Carlos.

— E eu também! — acrescentou Alfredo.

— Pois, então? Ainda nos encontraremos, e sempre seremos amigos!

— Sim! — observou o mais velho dos irmãos — mas sempre é uma tristeza que você não venha conosco... Quando me lembro do que lhe devemos...

— Nem diga isso! — atalhou o sertanejo — que é que os senhores me devem? Eu é que lhes devo tudo! Se não fossem os senhores, eu não teria encontrado este homem, que me tratou como nunca tive quem me tratasse, acolhendo-me com carinho, dando-me trabalho, e encarreirando-me na vida!

E, comovido, beijou a mão do negociante.

— Bem! Bem! — disse, enternecido, Inácio Mendes, esquivando-se aos agradecimentos — que é isto? Eu, se vou fazer alguma cousa por você, é porque você o merece. E aí está o bote...

desceram os degraus da escada de pedra, e tomaram lugar no bote, que, logo impelido pelas remadas fortes dos dois catraeiros, começou a afastar-se do cais.

A bordo, as despedidas foram rápidas e comovedoras. Inácio Mendes apresentou os meninos ao comandante e ao comissário do paquete, e abraçou-os carinhosamente, repetindo as recomendações que havia feito:

— No Rio de Janeiro, logo que chegar o vapor, irá recebê-los a bordo esse amigo, para quem lhes dou uma carta e a quem vou telegrafar logo que salte. Ele providenciará para que vocês