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LVI. AS JANGADAS

O paquete, em que partiam para o sul Carlos e Alfredo, era novo. Era aquela a sua sétima viagem. A bordo, tudo reluzia, limpo e brunido; brilhavam os metais; os soalhos, lavados todas as manhãs a grandes jorros de água, estavam de um irrepreensível asseio.

O comandante, a quem os dois meninos tinham sido apresentados por Inácio Mendes, e que os havia recebido com carinho, era um antigo oficial da marinha brasileira, agora reformado. Era alegre e bondoso, amigo de conversar. Logo na tarde do primeiro dia de viagem, viram-no os dois irmãos na tolda, olhando o mar e conversando com um grupo de passageiros. Aproximaram-se dele.

Não se via a costa. O mar estava calmo. O sol fulgurava sobre as ondas, dando-lhes uma coloração de seda azul achalamotada. O paquete, deixando na água um rasto de espumas e no ar um longo penacho de fumaça, guardava uma bela marcha. Carlos e Alfredo notaram que o comandante e os passageiros olhavam com insistência um ponto distante, muito ao longe.