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— Vejam como é belo isto! — e apontava pela portinhola do trem.

Efetivamente, era uma beleza o que se via: as serras, ao fundo, envoltas em neblina, e a casaria da cidade em baixo; o trem passava, cortando ruas, margeando jardins, costeando trilhos de bondes... Mas tudo isto se via rapidamente, fugazmente. Depois as casas fizeram-se mais espaçadas: eram quase todas chalés, dentro de jardins...

— Já estamos nos subúrbios, — informou o caixeiro — é daqui que vai para a cidade toda aquela gente que viram chegar à estação central. E há trens especiais para esse tráfego dos subúrbios, parando em todas as estações por onde vamos passando...

Alfredo ouvia atento, ao mesmo tempo que examinava a fisionomia simpática e decidida do homem. Chamava-se este Rogério Cortes.

— Sr. Rogério, este nosso trem não pára?

— Pára, sim, daqui a pouco, em Cascadura, e depois em Belém e depois em muitas outras estações...

Depois de Cascadura a máquina bufou, e o comboio partiu por uma baixada igual, salpicada aqui e ali de habitações, que se tornavam cada vez mais raras à proporção que o trem avançava. O horizonte fechava-se ao fundo por uma cadeia de montanhas. Mostrando-as, Rogério Cortes recomeçou a conversa:

— É a Serra do Mar... Lá adiante, vamos galgá-la, atravessando grotões, cortando despenhadeiros, furando montanhas... Há quatorze túneis neste ramo de estrada de ferro, de Belém até