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a Barra do Piraí; é um trecho que se transpõe em uma hora, sempre em curvas e voltas pela serra acima. Um dos túneis, o “túnel grande”, tem mais de três quilômetros de extensão, e gasta o trem, para atravessá-lo, mais de três minutos.

Efetivamente, o comboio, desde que saiu da planície e passou Belém, enfiou pela serra, por entre cabeços de montes, a bufar ruidosamente por sobre barrancos, junto a penedias abruptas, que pareciam vir esmagá-lo. Varava túneis, e transpunha pontes, parando de vez em quando.

— Barra do Piraí! — anunciou o chefe do trem.

— Aqui acabam os túneis e a montanha. Tem este nome o local, — explicou o caixeiro, — porque neste ponto deságua o rio Piraí no soberbo Paraíba. Nesta estação a estrada bifurca-se; a linha do Centro segue para Minas, e a linha de São Paulo vai margeando o Paraíba pelo vale acima até entrar no Estado de São Paulo. Lembram-se da estação de Maxambomba, que lhes mostrei, logo depois de sairmos do Rio de Janeiro?... Foi aí que entramos no Estado do Rio de Janeiro; agora, estamos no Estado do Rio, e iremos por território fluminense até depois de Rezende: aí entraremos no território paulista, cuja primeira estação é Queluz.

Com isto, o trem já havia chegado à Barra do Piraí.

— Vamos almoçar; o trem demora-se aqui vinte minutos.

Almoçaram e partiram. O horizonte era agora outro: o longo vale quase plano, e estiradas cadeias de montanhas aos dois lados.