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III. A VELHA AFRICANA

De espaço a espaço, o trem diminuía a marcha, e parava numa estação onde ficava durante alguns minutos. Havia uma lufa-lufa de passageiros que entravam e saiam, despedidas ruidosas entre os que ficavam e os que partiam; carregavam-se e descarregavam-se bagagens; e o comboio seguia de novo, correndo pelo leito da estrada, entre barrancos e matos verdes.

Ao meio dia, chegou o trem a Palmares. Aí houve baldeação: os viajantes passaram-se todos para os carros de uma outra estrada de ferro, e a viagem continuou. Agora ia a linha beirando um rio. Da janela do trem, Alfredo, via-o e admirava-o. Em certos pontos, as águas muito claras, batidas de sol, corriam encachoeiradas, entre pedra, bordorinhando e espumando; além, fluíam mansamente, e o leito do rio alargava-se, formando pequenas enseadas; e, de espaço em espaço, via-se uma ilha coberta de verdura, ou uma ilhota seca, de pedra, onde a água batia raivosa. Aqui, as margens eram altas, cobertas de árvores frondosas; e Alfredo, de cima, via o rio lá embaixo, negro e fundo, formando um abismo temeroso. Mais adiante, as ribas tornavam-se baixas, e