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a grande lavoura. Depois, extinguiu-se a escravidão, e começaram a vir para aqui milhares de colonos italianos. São eles principalmente os trabalhadores nas fazendas do oeste. Cada fazenda tem a sua colônia, que é uma fila de casas, bem arruada, onde moram esses colonos estrangeiros.

— Então, não é toda a terra que serve para o café?

— Não. O café frutifica bem nas regiões serranas, em terras novas, até então cobertas de matas, e nos climas onde as estações sejam muito regulares. Aquela Serra do Mar, por onde passamos, no Rio, na mata de Minas Gerais, e aqui no norte de S. Paulo, já produziu muito café; hoje ainda produz; mas quase todas as antigas fazendas estão abandonadas.

— E como se planta o café?

— Derruba-se o mato, nas partes mais altas das serras, limpa-se o terreno, e plantam-se os grãos de café, ou as mudas, isto é: pés de café que se criam em pequenos vasos e só são levados definitivamente para a terra do cafezal quando já têm um palmo de altura. Escolhem-se os pontos altos, porque, aqui no sul, nas noites de grande frio, no inverno, costuma cair geada, isto é: um gelo miúdo, que é mais freqüente nos terrenos baixos; a geada mata o café novo; e, por isto só, se escolhem para as plantações os terrenos altos. Às vezes, a geada é tão forte que alcança até os pontos altos; e então os lavradores costumam cobrir os cafeeiros novos com cestas que os protegem.

— E os cafeeiros produzem logo?