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LXVII. O PREPARO DO CAFÉ

Com a fadiga natural da longa viagem, Alfredo adormecera; mas o irmão, Carlos, continuou atento. Aproveitando um momento em que o caixeiro suspendeu um pouco a conversa, perguntou-lhe:

— Mas, Sr. Rogério, como pode o senhor, que mora no Rio de Janeiro, conhecer tão bem assim a lavoura do café?

— É que tenho viajado por toda esta região, e já passei muitos dias em fazendas, tanto na época da plantação como na das colheitas... Em maio, entra a estiagem, os cafés estão maduros, começa a colheita. Um enxame de colonos segue para os cafezais. Com uma peneira presa à cintura, um samburá a tiracolo, panos e escadas para os cafezais mais altos, lá vão eles: são famílias inteiras — homens, mulheres e crianças. Cada grupo de trabalhadores segue por uma rua, de arbusto em arbusto, correndo as mãos pelos ramos, e despejando para o samburá os punhados de cerejas e de folhas. A planta fica nua, as varetas finas tremem ao vento, como ramalho seco, e a plantação parece, depois da colheita, uma roça