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parte da produção do café, de todo o resto do mundo...

— Estão ouvindo? — observou o engenheiro. — Mas não pensem que a única fortuna de São Paulo é o café. Se, porventura, — hipóteses absurdas! Desaparecesse a lavoura do café aqui, ou os mercados do mundo não consumissem a produção dos cafezais paulistas, — ainda assim a riqueza do Estado seria assegurada.

“Os governos têm sido previdentes, criando um sem número de outras fontes de opulência. Este povo é enérgico; a história de São Paulo é uma bela lição. Ainda existe a tradição dos bandeirantes!

— O senhor é paulista? — perguntou Carlos.

— Não. Sou mineiro, nasci em Campanha, e formei-me na Escola de Minas de Ouro Preto. Mas descendo de uma família de paulistas, — e de uma família de bandeirantes. Está claro, que não tenho “fumaças” nobreza: o homem vale unicamente por si mesmo; e de certo eu seria exclusivamente um “zero”, se todo o meu valor moral fosse apenas a vaidade de possuir um nome de antepassados...

— E ainda há famílias descendentes de bandeirantes?

— Muitas. Ah! Esses bandeirantes! E ainda não nasceu no Brasil um poeta, capaz de compor a definitiva epopéia sertanista! Aqueles homens, invadindo os sertões, criaram o Brasil. Gabriel Soares, Melchior Dias, Francisco de Souza, Fernão Dias Pais, Antônio Dias, Arzão, Bueno de Siqueira, Borba Gato, Moreira Cabral, Bueno da Silva e tantos outros, desbravaram as florestas virgens,