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O comboio penetrava pelas gargantas da serra e começava a descer entre os barrancos e sobre as pontes e viadutos, que dominavam e transpõem abismos horrendo, cujo fundo não se vê. A descida é íngreme, e a todo o momento parece que o trem vai despenhar-se por aqueles penhascos... Alfredo tremia de pavor, e Carlos admirava os homens que conseguiram fazer aquela obra portentosa.

Mas o companheiro Rogério não os deixava ficar muito tempo nessa muda admiração:

— Vejam! Vejam isto aqui! — e, com a mão estirada, mostrava-lhes por uma abertura da montanha, em face do mar, a cidade de Santos, numa paisagem única. Era lá fora o oceano, a entrada do porto, o porto, uma larga enseada com os navios e vapores, e a casaria à margem do rio para onde confluíam outros rios e regatos... Antes, porém, que eles pudessem apanhar todos esses detalhes do esplêndido panorama, já o trem dera meia volta, e tudo desaparecera...

Embrenhou-se o trem na serra, e viram-se novas escarpas cobertas de pujante vegetação. Enfim, terminada a descida, passada a estação do Cubatão, na raiz da serra, foi vencida a várzea; quase às onze horas da manhã, chegavam os viajantes a Santos. Entre os paquetes, no cais, estava o Santos, que devia transportar Carlos e Alfredo ao Rio Grande.

Almoçaram, e acompanharam Rogério, que tratava dos negócios da sua casa comercial.