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brasiliensis, dá uma madeira tão boa como a da Noruega: é uma árvore corpulenta, que às vezes atinge à altura de trinta e seis metros. Há aqui pinheirais admiráveis, em grandes florestas que cobrem os planaltos. Li há poucos dias, um artigo, cujo autor calcula em mais de oitenta milhões os pinheiros que formam essas florestas...

— E o mate?

— O mate do Paraná também é célebre, e é o mais saboroso. A exploração dos ervais é rendosíssima.

— Ervais?

— Chamam-se “ervais” as zonas das florestas em que abunda a erva-mate. Cortam-se as folhagens, e, depois de empilhadas, são sapecadas ou chamuscadas a fogo forte; em seguida secam, e são batidas em receptáculos de madeira, que têm o nome de canchas: separam-se, assim, dos fragmentos grosseiros as folhas, e os pecíolos, e os raminhos mais delicados. Uma vez “cancheado”, já o mate pode ser entregue ao consumo e à exportação; mas o produto da melhor qualidade ainda é submetido a processos mais demorados, em usinas, onde a planta seca é tratada por meio de pilões. O produto exporta-se em surrões, ou sacos de couro, ou então em barricas fabricadas no Estado; a fabricação das barricas é uma das grandes indústrias do Paraná.

Assim conversando e passeando, passaram os viajantes cerca de hora e meia em Paranaguá.

Voltaram para bordo. O Santos tomou de novo o rumo do sul.