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IV. GARANHUNS

Na estação da modesta cidade, Carlos e Alfredo ficaram parados por algum tempo, sem saber o que deviam fazer... Foram depois andando, ao acaso, pelas ruas quase desertas, adormecidas, em silêncio, mal iluminadas, marginadas de casinhas pobres e baixas. Áquela hora, quase ninguém estava fora de casa; apenas alguns animais pastavam livremente, catando a erva que crescia entre as pedras. Carlos voltava-se, ansioso, para um e outro lado, procurando ver alguém, a quem pudesse perguntar onde era o escritório da Estrada de Ferro de Águas Belas. Enfim, á porta de uma casa, viu um velho, que lhe deu a informação desejada. Não era longe o escritório. Os dois meninos, reanimados, estugaram o passo; o mais velho ia cheio de esperança, arquitetando planos risonhos: ia saber notícias do pai, — e era quase certo que lhes dariam pousada, por aquela noite, quando soubessem que eram filhos do engenheiro. Mas quando, ao chegar à casa indicada, viu fechada a porta, sentiu frio no coração. Bateu, tornou a bater... Em vão. Por fim, um vizinho, abrindo a janela, indagou a causa do rumor.