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Foi um dos tios que respondeu:

— Sabe o que todos nós sabemos. Conte-nos você, outra vez, como tudo isto se passou, e diga-nos como teve notícia da morte de seu pai.

E Carlos recomeçou mais uma vez a história de todos os transes.

A hora do jantar veio alcançá-lo ainda a relatar tristezas e peripécias, cuja história era entrecortada a todo momento pelas exclamações penalizadas da velha estancieira.

Alfredo, mais criança, e fatigado da última jornada, deitou-se cedo, e adormeceu logo, profundamente. Carlos, depois do serão familiar conciliou dificilmente o sono quando se deitou e velou durante muito tempo, preocupado, numa febril agitação do espírito, entre dúvida e esperança. Ao levantar-se, de manhã, falou de novo aos tios, assediando-os de perguntas. E tanto os importunou que Roberto, o mais velho, procurando aliviá-lo, disse-lhe:

— Bem! Dou-lhe uma promessa formal: se, daqui a oito dias, não recebermos notícias positivas, irei à Bahia e dirigirei pessoalmente um inquérito. E agora vamos ver a estância, porque vocês nunca viram uma estância, não é verdade?

— Nunca vimos.

A casa principal era um vasto e sólido edifício quadrado, de paredes brancas e simples, irradiante de luz. Ficava na eminência de uma colina suave, em meio de uma vasta campina, levemente ondulada. Um horizonte sem fim, onde o manto verde claro das campinas era de longe em longe interrompido pelo verde forte dos capões, estendia-se ante o olhar de Carlos e Alfredo...