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grande pedaço de cuscuz, e um mingau saboroso, espécie de papa mole, feita de milho azedo. Os dois rapazes comeram, com vivo prazer, aquelas boas coisas, que lhes parecia terem caído do céu. O pequeno Alfredo, fazendo honra ao banquete, não deixava de olhar toda a casa, examinando tudo, a mobília, as cordas onde secava a roupa, e os “registros” de santos pregados às paredes. Mas, o que mais lhe prendia a atenção era o quintal, entrevisto através da porta do fundo. Assim que acabou de comer, correu para lá. De um lado ficava uma pequena horta, onde, em canteiros bem tratados, se alinhavam as couves, os quiabos, as ervilhas; do outro lado ficava o cercado da criação: havia galinhas, patos, perus, um porco, e uma cabrita. Tudo aquilo revelava um cuidado constante; tudo estava limpo e varrido; e, contra o muro, enfileiravam-se as enxadas, os regadores, as vassouras, as foices... Foi Carlos quem foi arrancar o irmão dali. O dia ia alto, e era tempo de seguir viagem.

Abraçaram a boa preta, agradecendo-lhe a hospitalidade generosa. Alfredo ainda levou um grande embrulho com amendoins torrados, — último presente da caridosa africana. Seguiram, a caminho do escritório. Mas, antes de lá chegarem, houve um episódio que os interessou. Caíram no meio de uma compacta multidão, que cercava dois homens em luta. Eram dois do povo, engalfinhados, rolando no pó, esmurrando-se. Ouviram apitos, e apareceram soldados. Alfredo, atordoado deixou cair no chão o saco dos amendoins, e pôs-se a tremer.