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— Bem! — Disse Carlos, depois de um segundo de reflexão. — Iremos a Boa Vista!

— E seu irmãozinho?

— Eu também irei! — Exclamou Alfredo.

— Impossível, meu filho! — Objetou, compadecido, o engenheiro. — A viagem é longa e penosa. É preciso viajar vinte e cinco léguas a cavalo até Piranhas, seguir por estrada de ferro até Jatobá, e daí subir, em canoa, quarenta léguas até Boa Vista. Essa não é viagem para uma criança.

— Seja como for, quero ir! — Teimou o menino, já com os olhos cheios de água.

O Dr. Cunha compreendeu que nada conseguiria insistindo. Foi logo dar as providências para a viagem: arranjou dois cavalos mansos, contratou, para acompanhar os dois viajantes, um homem conhecedor dos caminhos, e entregou ao mais velho dos irmãos o dinheiro necessário para as passagens e as despesas miúdas. Deu-lhes além disso uma carta de apresentação para o major Antônio Bento, que em Jatobá lhes forneceria os meios de subirem o rio em canoas.

Eram duas horas da tarde, quando a pequena caravana partiu de Garanhuns. A princípio, tudo correu bem. O guia era falador, e tagarelava sem cessar, respondendo às perguntas dos meninos. A tarde era linda e fresca. Alfredo divertia-se extraordinariamente com aquele modo, para ele novo, de viajar: deliciava-se com o balanço do andar do animal, e ia encantado, fazendo perguntas sobre perguntas. O próprio Carlos parecia menos triste, menos preocupado com a doença do pai... Mas, depois de duas horas de viagem Alfredo