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XI. ORFÃOS...

Felizmente o major Antônio Bento estava na vila. Recebeu com carinho os viajantes, e no mesmo dia forneceu-lhes o que pediam. Agasalhou-os, deu-lhes jantar, e deixou-os às três horas da tarde, numa excelente canoa, confiados a um canoeiro perito, para quem as águas do São Francisco já não tinham segredos. Levá-los-ia a canoa até a casa do capitão Tavares, um velho amigo do major, seu antigo companheiro na campanha do Paraguai; e daí seguiriam na mesma condução até Boa Vista.

Por sete dias viajaram assim os dois rapazes, rio acima, no fundo da estreita canoa que ora navegava impedida pelos remos e pelas varas, ora corria tangida pelo vento, que lhe enfunava o pano das pequenas velas. Só durante uma noite dormiram em terra firme, na casa do amigo do major Antônio Bento, — um bom velho que contava histórias do Paraguai e fazia a todo instante a apologia da vida militar. Mas, nas outras noites, dormiram ali no fundo da canoa, sem comodidade, alimentando-se mal, e contando de minuto em minuto as horas longas e morosas que os separavam do termo da viagem.