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olhar denotava uma tão rude e boa sinceridade, que o menino não se conteve, e narrou-lhe os acontecimentos que o tinham trazido até ali. Juvêncio ouvia-o com interesse e compaixão; e, enquanto o ouvia, ia examinando a estrada, de um lado e de outro. Em certa altura, exclamou:

— Olhem! Aqui está uma batida que desce. Quem sabe se ali em baixo há uma casa?

Carlos e Alfredo atentaram, e viram que o que ele chamava “uma batida” era um trilho estreitíssimo, quase invisível, como um caminho de formigas. Dirigia-se para a esquerda, e ia ter a um capão de mato. Seguiram por ele esperançados. O terreno era mais fresco, a vegetação viçosa. Pouco adiante, o trilho enveredou por dentro do mato, entre árvores grossas e altas de troncos direitos.

Iam a um de fundo. O rapaz seguia na frente, muito animado e comunicativo, conversando sempre. De repente, estacou, pousou no chão os embrulhos e a cabaça de água, e desfechou com o pau uma forte pancada no solo.

— Que é? — gritou Alfredo.

— Uma cobra... uma cascavel — disse o rapaz, com naturalidade.

O pequeno recuou assustado.

— Não é nada! Isto aqui pelo mato é assim... quem anda pelo mato encontra cobras... Mas quem está acostumado já não se espanta. Tudo está em ter a gente muito cuidado, e ver onde pisa. O perigo está em bater em uma delas com o pé: estas cobras geralmente só atacam a gente quando são tocadas...